Sunday, August 1, 2010

PÚLPITO PARA HOJE

ED RENÉ KIVITZ

1. Qual a importância da pregação na vida da igreja?
"A pregação é indispensável ao cristianismo. Sem ela, uma parte necessária de sua autenticidade é perdida. Porque o cristianismo é, na sua própria essência, uma religião da palavra de Deus". Com essas palavras, John Stott (Between Two Worlds) justifica a relevância da pregação na vida da igreja.

De fato, a palavra de Deus é determinante para a espiritualidade cristã. Somos gerados pela palavra (1Pe 1.23), até porque a fé vem pelo ouvir a palavra de Deus (Rm 10.17). Como crianças recém-nascidas, devemos nos alimentar da palavra de Deus, o leite racional, isto é, legítimo, não falsificado (1Pe 2.2), pois somos transformados pela renovação do nosso entendimento (Rm 12.2), mantendo sempre nossas mentes cativas em obediência a Cristo Jesus (2Co 10.4-6), à medida que tomamos conhecimento da verdade e experimentamos libertação (Jo 8.32). De fato, somente a palavra de Deus pode nos tornar sábios para a salvação, como também nos aperfeiçoar em tudo, a fim de nos tornarmos perfeitos e perfeitamente preparados para toda boa obra: ser como Cristo e fazer mais por Cristo (2Tm 3.14-17). Em síntese, o compromisso pessoal com a palavra de Deus é imprescindível para a intimidade com Deus.

Nesse caso, uma igreja deve desenvolver processos criativos de pregação e ensino, com variedade de fóruns e métodos, capazes de envolver todos os segmentos de seu rebanho na dinâmica de interação com a palavra de Deus.

Nosso tema, entretanto, é específico, a saber, a utilização do púlpito e o programa de pregação nos grandes ajuntamentos. Fui aluno de Karl Lachler, na Faculdade Teológica Batista de São Paulo, e aprendi o valor da Pregação Expositiva Temática, que ele mesmo define como "um discurso bíblico derivado de um texto vernacular independente, a partir do qual o tema é revelado, analisado e explicado, através de seu contexto, sua gramática e sua estrutura literária, cujo tema é infundido pelo Espírito Santo na vida do pregador e do ouvinte" (Prega a palavra, Vida Nova, p. 52). Basicamente, o sermão expositivo temático expõe um tema à luz de um texto, e um texto à luz de um tema. Isto é, o sermão diz a respeito de um tema apenas o que um texto em seu contexto diz, e explica aquele texto a partir de um só tema central.

3. Qual é seu método predileto de pregação? Por que?
Utilizo o método proposto pela pregação expositiva temática desde o início do meu ministério pastoral. Durante alguns anos preguei expondo livros da Bíblia, dividindo os parágrafos e seguindo uma seqüência dominical. Hoje, minha tendência é ler a Bíblia e preparar meus sermões de acordo com o método expositivo temático, e buscar maior criatividade na apresentação das mensagens.

2. Qual é o segredo de um sermão que comunique ao coração do povo?
A tendência da pregação em uma sociedade caracterizada pela diversidade, rapidez e acúmulo da informação pode ser decomposta em alguns desafios:

1. Tirar o púlpito da frente do pregador e/ou o pregador de trás do púlpito.
O propósito é deixar que o pregador domine o palco, fazendo-o utilizar o corpo inteiro para sua performance, e não apenas sua voz e seus gestos comedidos. Ouvindo alguns pregadores ao vivo, tenho a impressão de que não faria diferença ouvi-los através de uma fita k7.

2. Diminuir as oportunidades da pregação pública.
Isto é, expor os freqüentadores de uma igreja local a apenas um sermão/conteúdo dominical. Algumas igrejas expõem seus freqüentadores a três ou quatro conteúdos dominicalmente: dois sermões (manhã e noite), aula expositiva na escola dominical e estudo bíblico nos grupos de treinamento.

3. Diminuir o tempo da pregação.
Apenas oradores excepcionais têm a capacidade de manter a atenção e a concentração de um auditório durante muito tempo.

4. Diminuir o conteúdo da pregação.
Em vez de pregar um sermão com cinco divisões e algumas subdivisões, os pregadores deveriam ensinar apenas uma coisa de cada vez.
Embora não tenha bases estatísticas para afirmar, creio que alguém que ouve um pregador dominicalmente, durante 20 minutos, ensinando uma coisa de cada vez, a longo prazo terá apreendido mais do que alguém que ouve dominicalmente, durante 50 ou 60 minutos, um pregador que ensina muita coisa ao mesmo tempo.

5. Diversificar os fóruns de instrução bíblica da igreja.
Os conteúdos ministrados através do púlpito no atacado devem aterrissar no varejo, nos contextos particulares de cada ouvinte. Nesse sentido, as igrejas devem promover o alinhamento entre as pregações, os estudos em pequenos grupos, os roteiros devocionais, as aulas nas escolas bíblicas, fazendo com que os freqüentadores sejam expostos ao mesmo conteúdo através de diferentes métodos, ocasiões, ambientes e experiências/vivências.

6. Quebrar o paradigma do púlpito.

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